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João Amorim tinha o sonho de comprar uma casa no meio da natureza. A serra da Freita, em Arouca, era o lugar ideal para o líder de viagens e fotógrafo, conhecido no Instagram por @followthesuntravel, mas os planos mudaram ao passar por Castro Laboreiro, em Melgaço. Estava a fazer os Caminhos de Santiago quando um amigo o levou a uma aldeia deserta que dava pelo nome de Varziela.
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Durante anos a aldeia do Parque Nacional da Peneda-Gerês só era habitada durante “três ou quatro meses de Inverno” porque o clima era ligeiramente melhor do que as que estavam mais acima, na montanha. No entanto, explica João, a transumância caiu em desuso e há cerca de 30 anos que ninguém lá vive.
Depois de conhecer a história do local, reparou que havia uma casa à venda e decidiu “ligar por curiosidade” para a imobiliária e saber qual era o valor que pediam. “O senhor está no fundo da aldeia da Varziela? Nessas casas do fundo da aldeia?”, perguntou-lhe de volta o agente imobiliário.
“Aquele nome soou-me familiar e gostei. Muitas vezes, a ideia de fundo está associada a uma coisa má, feia, escura, mas gostei deste jogo do nome e ficou-me na cabeça. Desliguei a chamada e fiquei a pensar que, se algum dia comprasse aquela casa, ia ser o Fundo da Aldeia”, conta em entrevista ao P3.
Em Fevereiro, numa nova visita à Varziela, decidiu avançar com o negócio, mas percebeu que não fazia sentido comprar apenas uma das habitações. Em parceria com o pai e com o primo acabou por ficar com as dez casas. O objectivo é criar um alojamento rural, explica, acrescentando que está à espera de projecto do arquitecto para começar a remodelação — e de apoios financeiros.
Avançar com as obras só vai ser possível se João conseguir financiamento do Turismo de Portugal e a candidatura à linha de apoio à qualificação da oferta está quase pronta, diz. Apesar dos valores do investimento ainda não estarem fechados, o líder de viagens estima que recuperar meia aldeia vá custar um milhão de euros. Diz que também vai participar nas obras de remodelação e que as casas antigas vão dar lugar a apartamentos T1, T2, T3. Para os quatro currais de vacas estão previstos estúdios.
O influencer de 31 anos, que tenta divulgar um estilo de viagem ético e sustentável, destaca que ter um negócio de turismo nesta região “é uma necessidade” que vai valorizar a zona e criar postos de trabalho evitando, desta forma, que os mais jovens abandonem as aldeias próximas, como aconteceu com a Varziela.
“O turismo nas grandes cidades está a dificultar muito a vida às pessoas que lá vivem, mas nos sítios pequenos está a facilitar, porque permite que os restaurantes funcionem, que as pessoas tenham trabalho e que haja mais vida”, defende.
Comprar meia aldeia para concretizar o sonho do pai
A história da inverneira abandonada motivou a compra, mas o interesse de João também surgiu para concretizar o desejo do pai, que sonhava há vários anos em deixar o emprego de solicitador para ter outro trabalho mais ligado à natureza. “Isto também foi uma forma de tentar que isso acontecesse e o objectivo também é dar este gosto ao meu pai”, acrescenta.
Texto: revista Jet7/redação
Fotos: D.R/divulgação
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