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Tudo pela subvalorização inicial da orografia do terreno e da evolução das condições meteorológicas expectáveis e assim o incêndio na Serra da Estrela continuou. A partir daí, piorou ainda mais: “Portugal não aprendeu com os erros de 2017”
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A intensidade das chamas só levou a um reforço substancial dos operacionais quatro dias depois, quando o número de efetivos cresceu para cerca de 1.400. “Este reforço deveria ter sido feito de imediato, é claro”, diz à CNN Portugal o comandante dos Bombeiros Voluntários de Cabo Ruivo, Jorge Mendes, acrescentando que o aumento deveria ter acontecido mal o combate às chamas tivesse passado à fase do ataque ampliado, ou seja, após os primeiros 90 minutos de intervenção desde o despacho do primeiro meio de ataque inicial. “Pessoalmente, achei extremamente tarde este reforço de meios, devia ter acontecido mal verificada a dimensão das chamas naquela orografia e perante a impossibilidade de colocar homens no terreno. Era uma zona de pinhal mas rochosa e o incêndio tem tendência em encaixar em vales de muito difícil acesso. De um momento para o outro basta uma rajada de vento para ganhar uma nova dimensão.” Naquele momento eram nos meios aéreos que os bombeiros e a população local depositavam as esperanças para extinguir o incêndio. Só que, ao raiar da manhã do dia 9 de agosto, uma coluna de fumo espesso invadiu a encosta de Verdelhos cegando a visão dos pilotos. Um helicóptero foi mesmo obrigado a aterrar de emergência após registar um problema técnico.
Ainda não se aprendeu:
Paralelamente, e numa altura em que o incêndio já estava a ser dado como dominado, o Governo comprometeu-se a lançar uma investigação do Ministério Público para entender as origens e falhas do fogo. Algo que foi recebido com aplausos por parte dos autarcas das regiões afetadas, mas que deixou dúvidas em alguns especialistas. Coronel Joaquim Leitão, que foi presidente da Autoridade Nacional de Proteção Civil durante os incêndios de Pedrógão, em 2017, explica à CNN Portugal que avaliar a coordenação de um incêndio específico “não é eficaz”, isto porque “não se pode avaliar o desempenho de um dispositivo que não foi concebido para a situação atual de risco que Portugal vive”.
“Em vez de seguir a senda da Comissão Técnica Independente, que fez com que o Governo direcione os seus esforços para o que falhou e para tentar encontrar bodes expiatórios”, continua o coronel, “temos de analisar o real problema”. “São precisas mudanças à forma como é feito o ataque ampliado, porque hoje vivemos com cada vez mais fenômenos meteorológicos agressivos – como o downburst que foi responsável pelos incêndios de Pedrógão e que voltou a registar-se em Beja em maio -, e o país depara-se também com uma crise relacionada com a desertificação do interior, o que torna descontroladas as chamas em zonas onde antes as culturas as travavam. Temos de ter um meio de resposta novo, não faz sentido avaliar o incêndio sem fazer mudanças estruturais ao dispositivo.”
Texto: revista Jet7/redação
Fotos: D.R/divulgação
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