A fase instrutória do processo em que a fadista Cristina Branco e o ator Ivo Lucas são acusados de homicídio negligente, pela morte da cantora Sara Carreira num acidente na A1, inicia-se no dia 23 no Tribunal de Santarém.
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O processo voltou à fase de instrução depois de o Ministério Público (MP) ter deduzido nova acusação, em novembro último, para suprir nulidades invocadas, em fevereiro de 2022, pelo Juízo de Instrução Criminal de Santarém, decisão confirmada, em setembro, pelo Tribunal da Relação de Évora.
Voltaram a pedir abertura de instrução os pais de Sara Carreira, António (Tony Carreira) e Fernanda Antunes, que se constituíram assistentes no processo, Cristina Branco e Tiago Pacheco.
Na sessão agendada para dia 23 está previsto o início do debate instrutório, antecedido da tomada de declarações de Cristina Branco, a seu pedido, e de uma testemunha por esta indicada, o investigador e compositor Nuno Rocha.
No pedido de abertura de instrução, os pais de Sara Carreira aderem à acusação do Ministério Público, mas insistem que deve ser também acusado de homicídio negligente Paulo Neves, o condutor que seguia a uma velocidade inferior à mínima permitida por lei em autoestrada e que acusou uma taxa de alcoolemia de 1,18 gramas por litro quatro horas depois do acidente.
Também Cristina Branco reitera a discordância com o arquivamento do crime de homicídio negligente em relação a Paulo Neves, não percebendo, igualmente, que não lhe tenha sido imputado o crime de condução sob efeito de álcool.
A fadista relata as circunstâncias em que se deu o acidente, sublinhando que conduzia dentro dos limites de velocidade e que só se apercebeu da presença da viatura de Paulo Neves quando o carro que seguia à sua frente o ultrapassou, não lhe tendo sido possível evitar o embate.
Relata, igualmente, os procedimentos que adotou, contrariando a tese da acusação de que não sinalizou a sua viatura e de que nada fez para socorrer os passageiros da viatura onde seguia Sara Carreira e Ivo Lucas, depois desta embater no seu carro, que se encontrava imobilizado na faixa central virado em sentido contrário.
Citando o relatório do Núcleo de Investigação Criminal de Acidentes de Viação (NICAV), Cristina Branco conclui que se “impõe que se retire da pronuncia o homicídio por negligencia” que lhe é imputado.
Tiago Pacheco, acusado de condução perigosa de veículo e duas contraordenações (uma leve e uma grave), afirma, no pedido de abertura de instrução, não ter sido notificado para pagar voluntariamente coima por contraordenação grave, como a lei prevê, pedindo a extração de certidão a remeter à Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), para instauração de um procedimento autónomo de contraordenação, no âmbito do qual se defenderá.
Afirma, ainda, que as peritagens não permitem concluir que conduzia a 140 quilómetros/hora, como consta da acusação, assegurando que seguia a velocidade “muito moderada”, que reduziu ao passar pelo acidente.
O MP acusa Paulo Neves da prática de um crime de condução perigosa e três contraordenações ao Código da Estrada (uma leve, uma grave e uma muito grave), Cristina Branco do crime de homicídio negligente e duas contraordenações graves, Ivo Lucas, namorado de Sara Carreira, por homicídio negligente e duas contraordenações (uma leve e uma grave) e Tiago Pacheco por condução perigosa de veículo e duas contraordenações (uma leve e uma grave).
Texto: revista Jet7/Lusa
Fotos: D.R/divulgação
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