Aos 75 anos, o artista conta com uma vida cheia de muitos palcos e histórias, como a tarde que passou a leiloar uma vaca e que rendeu mais de 100 mil dólares.
Da infância, conta, recorda bons momentos e muita felicidade, especialmente os mais simples. Quando a mãe fazia papas, lembra, “rapava o fundo do tacho. Ficava branquinho”. Ou quando jogava à bola com latas de tinta… “Passei uma infância feliz“.
Começou a trabalhar aos nove anos, com a quarta classe. Aos 15, quando a mãe morreu, voltou a estudar. Faltou pouco para ficar com o sétimo ano de escolaridade completo. “Depois, chegou a força aérea e os estudos pararam porque comecei a ganhar dinheiro“. Foi nessa altura que enveredou na música e nunca mais parou.
Ainda ao recordar a falecida mãe, com quem tinha uma forte ligação, diz que ficaram os “conselhos, o amor e a religião“. “A minha mãe era muito religiosa. Ensinou-me o caminho de Deus, que eu sigo à minha maneira. Eu era um menino da mãe, era ela que me defendia. Estava muito ligada a mim, e eu a ela. Penso nela todos os dias, sozinho“, acrescenta, mas não pensa só na mãe. Também recorda, muitas vezes, o sogro, o sobrinho que faleceu com 28 anos, e outros familiares e amigos.
Sobre o sogro, com quem também tinha uma forte ligação, confessou que se sente arrependido de não ter realizado o seu último desejo. Quim Barreiros conta que o pai da mulher estava internado no hospital e que pediu, como último desejo, ir a casa e ver os netos. Mas, como estava no hospital, “todo cheio de tubos”, acabou por não conseguir concretizar.
O cantor contou também que continua a ir ao cemitério visitar os que já partiram. “De vez em quando, vou lá sozinho. Falo com eles, é bom. Sinto-me bem, saio de lá e sou outro homem, até respiro melhor. E a alguns, digo até já, também vou para lá, para à beira pé deles“, disse.
Durante a entrevista, Quim Barreiro falou da família e do importante apoio que lhe dão. “Felizmente, encontrei uma mulher que me entendeu. A maior parte dos músicos têm dificuldades quando são casados, porque a vida de um músico é nómada – hoje tocam aqui, amanhã ali… O músico tem de gostar da estrada e da música, e tem de ter família que o entenda, porque senão, não dá”, destaca.
Mas também não esqueceu o dia em que foi “difamado”. “Há uns 40 anos, quando comecei, saiu nos jornais que eu era um capo da droga no norte do país”, recorda, referindo que tais palavras foram publicadas numa revista espanhola e depois citadas pelos jornais portugueses.
Questionado por Daniel Oliveira se alguém lhe deve um pedido de desculpa, o artista aproveitou para dizer: “Acho que o Estado me deve um pedido de desculpas. Se ganhar dez mil euros, 5.300 euros eu tenho de dar ao ministro das finanças e só fico com 4.700. Eles não cantam, não dançam, mas limpam o dinheiro todo“.

fonte: noticiasaominuto.com